quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Sobre a topofilia e a topofobia

O texto a seguir foi um dos primeiros que produzi no blog Notas do Turismo. Replubico-o aqui pois ainda é atual e o assunto é importante.

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Aqui já falamos de tudo: os cinco níveis de ecologia, ecologia profunda, ecofilosofia, textos turísticos e Mercosul. Hoje vamos abordar duas palavras. Uma é topofilia. A outra é topofobia.

Topofilia significa, ao pé da letra, “amor pelo lugar”. E trata do estudo da percepção ambiental e seus valores. Segundo Yi-Fu Tuan, professor de Geografia da Universidade de Wisconsin e autor do livro “Topofilia e Meio Ambiente”, da editora Difel (no Brasil), “a palavra é um neologismo, que inclui todos os laços afetivos do ser humano com o meio natural”. Eu vejo a possibilidade de aplicar a topofilia ao turismo em áreas naturais.

Interessante. A palavra topofilia é um neologismo. Mas o oposto dela, topofobia está no dicionário há tempo. Ao passo que a primeira significa “amor ao lugar”, a segunda significa “terror ao lugar”. Na nossa civilização o negativo e o pejorativo chegam primeiro. É fácil promover a topofobia. Difícil é promover a topofilia.

Detalhe: entre os dias 1 e 3 de junho haverá um Simpósio Internacional muito diferente no Beijing Friendship Hotel, em Beijing, China. Assunto: “Topofilia e Topofobia - Reflexões sobre o habitat humano”. Os organizadores afirmam que esta é a discussão mais importante do Planeta, desde o final do milênio passado.

Para complicar: não se pode falar de “topo” (lugar) sem falar de “tipo”. De “topo” vem a palavra “tópico”. De “tipo” vem a palavra “típico”. Palavras pouco conhecidas. O que quer dizer um folheto quando diz que o urubu (ou o tuiuiú) é um pássaro típico? O que é típico? Para complicar, é normal, em Foz, afirmar que a cidade é “atípica”. Que é isso?

Ora uma cidade atípica seria uma cidade sem características próprias. Existe cidade sem característica? Atípica em relação a quem? Uma cidade atípica, poderia ser atópica? Poderia o atópico ser um “não lugar”? Umas das idéias do “não lugar” foi descrita nas Notas do Turismo número 16 e se refere a lugares “tipo” o MacDonald’s. Todos iguais. Quem poderia estar tentando fazer da região um lugar atópico, atípico e topofóbico?

Como vamos vender um lugar atípico e atópico sem nos rendermos a topofobia que atacou o mundo depois de 11 de setembro?

Hoje dia 5 é um dia especial. É um dia em que as comunidades esotéricas do Planeta acreditam que será aberto um portal estelar. É uma espécie de “viagem” de grupos esotéricos e místicos. Já há agências de viagens no Brasil oferecendo "esoturismo". Mais informações sobre isso no site www.projetoreligariguacu.blogspot.com. Lá há links poliglotas que dão o recado. Uma frase do professor Yi-Fu Tuan: é necessário um novo William James para investigar as experiências místicas ligadas à topofilia e os belos lugares. William James escreveu em 1912 o livro “As variedades de Experiências Religiosas” até hoje, livro de cabeceira de psicólogos que estudam o assunto.

2 comentários:

Isa disse...

Mc Donald's então é um lugar atípico em relação a quem nasceu antes dele. talvez para todo atípico haja um topófilo daquela 'falta de identidade' (falta em relação a quem?).
Desculpa encher o saco mas não acho sentido no apego cultural que se encerra em si mesmo.
a não ser quando vejo do ponto de vista econômico em que na busca de nos despir de nós mesmos consumimos tudo o que vem de fora.

Jackson Lima disse...

Obrigado pelo comentário. Fazia algum tempo que não abria o blog. Isso acontece. Eu falo da topofilia sempre do ponto de vista xamânico do amor à terra. Fico devendo no lado científico!

Fotos JL em ação várias

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